quarta-feira, 3 de março de 2010

Querida amiga,Dalila

Quero justificar para você porque não assinei o documento que considero justo quanto a intenção. Concordo com a intenção mas eu argumentaria de outra forma. Sem deixar brechas para um indeferimento. Torço para que, mesmo assim, dê certo e, se não der, certamente, estarei me relatando à ouvidoria do estado e se for o caso, chegarei até a imprensa. Pois, uma educação que pretende se modernizar, deve abandonar atitudes que só "favorecem"(?) a um dos lados ( o lado do empregador). Ou seja: O professor, naturalmente, para dar conta de sua missão, só consegue trabalhando (até mais que estas horas atividade na escola) se extender seu trabalho para seu lar. Contudo é muito mais humano corrigir provas e poder dedicar sua presença aos familiares, do que trabalhar insatisfeito(a) acarretando para si e para o sistema os estresses que quebram a harmonia saudável necessária ao desempenho de excelência em educação que espera nossa comunidade.

Por fim, é claro que seria muito, mas, muito mesmo, mais inteligente se o governo aumentasse o valor da nossa hora aula e acabasse com esta história de que trabalhamos 32 e ganhamos por 40, se é sabido que a nossa profissão é uma das poucas que necessitam de planejamento diário para o exercício de suas atividades e estes planejamento, mais a correção de prova, se forem feitos na escola, nas ditas horas atividade, estaria estimulando os professores a fazerem somente o necessário e, todos sabemos que a nossa prestação de serviço não será excelente com as pessoas fazendo apenas o que está previsto no tempo estipulado. Para sermos bons, para nosso sistema educacional ser bom, para que a educação no Brasil melhore, temos que ir além do que é previsto e, é com este sentimento, que naturalmente, ja desenvolvemos todo o esforço extra em casa para que tudo dê certo em sala de aula. De alguma forma este padrão que, hoje, praticamos é como uma conquista, pois antes se cumpria desta forma que se quer agora. Então, isto, soa como um retrocesso.Como se não bastasse, todos sabemos que o quadro de professores possui maioria mulheres e, segundo estatísticas recentes, as mulheres trabalham 7% mais que os homens e recebem, em média, 34% menos quanto aos salários. É claro que as professoras estão no grupos das mulheres que trabalham 7% a mais. Daí, seria muito bom que os atores do sistema educacional soubessem tomar decisões segundo os critérios avançados utilizados pelas grandes empresas, grandes governos e grandes corporações. Ou seja, não deixar de considerar a dimensão das humanidades. Pensar no bem estar do outro faz parte das melhores decisões que são as que dão os melhores resultados.

Querida amiga,
sei que eu não precisaria te dizer tudo isto mas, pela consideração que tenho por você e todos os que comungam da boa intenção de se fazer um bom trabalho. Quero, carinhosamente, dizer que não assinei apenas porque o tempo foi curto para elaboração do documento e, este, não transcreveu, na minha opinião, os argumentos que considero mais apropriados para sensibilizarem a SED SC para, então mudar os procedimentos, visto que, em alguns municípios de SC, estas horas atividades têm sido cumprida, embora os professores continuem levando trabalho para casa sem ganharem a mais por isto. Não acredito que a intenção do governo seja esta. Exploração. Mas é o que acaba acontecendo e a governância não se dá conta de que está ferindo os direitos humanos (art. 23) e, desta forma, andando para trás.

Celso Piarelli.

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